Hoje, enquanto celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e homenageamos a coragem de Tereza de Benguela, é oportuno refletir sobre como a permacultura brasileira pode se tornar mais inclusiva, consciente e transformadora. Afinal, a permacultura não é apenas sobre técnicas agrícolas ou design de espaços; é um convite para repensarmos nossa relação com a terra, com os outros seres vivos e com nós mesmos.
Decolonizando a Permacultura
A permacultura, em sua essência, busca harmonia e sustentabilidade. No entanto, muitas vezes, suas práticas e conceitos são moldados por uma perspectiva eurocêntrica, ignorando saberes ancestrais e as vozes das comunidades marginalizadas. Para uma permacultura brasileira verdadeiramente transformadora, precisamos descolonizar nosso pensamento e prática:
Desaprendendo e Reaprendendo: Vamos questionar os padrões impostos, aprender e abrir espaços para as culturas indígenas e quilombolas. Suas relações com a terra são profundamente enraizadas, e seus conhecimentos sobre agroflorestas, manejo de água e biodiversidade são inestimáveis.
Valorizando a Diversidade: A permacultura deve ser um espaço acolhedor para todas as vozes. Isso significa ouvir e aprender com as mulheres, as mulheres negras, as comunidades LGBTQIA+ e os povos tradicionais. Suas experiências e saberes são fundamentais para uma permacultura mais rica e resiliente e sem eles no pensar e fazer a permacultura é incompleta, parcial.
O Olhar Periférico
A permacultura brasileira não pode ignorar as realidades das periferias urbanas e rurais. Aqui estão algumas maneiras de incorporar um olhar periférico:
Espaços Urbanos: Nas cidades, a permacultura pode transformar terrenos baldios em hortas comunitárias, criar sistemas de captação de água da chuva em favelas e promover a educação ambiental em escolas públicas e formar jovens em permacultura para que eles criem a partir de suas histórias.
Acesso à Terra: Muitas comunidades periféricas enfrentam dificuldades para acessar a terra. A permacultura deve lutar por reforma agrária e pela democratização do acesso aos recursos naturais.
Feminismo na Permacultura
As mulheres têm sido pilares da sustentabilidade e da resistência. Aqui está como o feminismo pode fortalecer a permacultura:
Equidade de Gênero: A permacultura deve garantir que as mulheres tenham igualdade de oportunidades e voz nas decisões. Isso inclui reconhecer o trabalho invisível das mulheres nos sistemas alimentares, o cuidado é feminino e o formar e falar sobre cuidado é do campo feminino.
Conexão com o Corpo e a Terra: O feminismo nos lembra da importância da conexão com nosso corpo e com a terra. A permacultura pode ser um espaço para essa reconexão, valorizando a intuição e a sensibilidade.
Neste Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebremos não apenas com palavras, mas com ações concretas. Que a permacultura brasileira seja um terreno fértil para a justiça social, a diversidade e a cura da terra e de nossos corações. 🌱🌍💚 .
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