terça-feira, 13 de maio de 2014

"Ainda há Tempo" um cordel de Welinton Rios

Durante a Inauguração do Viveiro-Escola (10/05) tivemos o privilégio de ouvir um jovem talento do cordel de Várzea da Roça, Welinton Rios, estagiário do Projeto Águas do Jacuípe, nos escreve sobre a preservação do meio-ambiente e a convivência com o semiárido.



Ainda há Tempo - Welinton Rios


Meus amigos e amigas
Agora vamos parar
Para esta simples historia
Todos juntos escutar
E depois de ter ouvido
Nesta historia pensar

No nordeste brasileiro
Em certa comunidade
Tinha dois agricultores
De diferentes realidades
Cada um fazia de um jeito
Em cada propriedade

E ali um grande riacho
Cortava aquele terreno,
Um matava, destruía,
Queimava e punha veneno,
Pro outro fazer o mesmo
Ainda vivia dizendo.

O outro mais consciente
Já pensava diferente
Se eu fizer desse jeito
A terra fica doente
E ainda mato o riacho
Que do rio é um afluente

E o vizinho dizia:
-que nada meu companheiro
A gente vende a lenha
E logo pega o dinheiro
E para o gado de leite
O capim sai mais ligeiro

E então o consciente
Logo, logo retrucava
Se dinheiro fosse bom
Sei que a gente não gastava
E acabando de pegar
Para os outros entregava,

Sei que eu preciso dele
Mais não tenho ambição
E no meio ambiente
Não causo a degradação

Só para poder dizer
Que tenho dinheiro em mão
Meu terreno mim sustenta
Então dele vou zelar
Criando minhas cabrinhas
Pra poder se sustentar
As abelhas e as galinhas
É pra quando apertar

Vivo assim deste jeito
Sem passar necessidade
E lá na minha mesa
O alimento é de qualidade
E ainda abasteço
Famílias lá da cidade

Agora te aconselho
Pra que tenhamos esperança
Faça como estou fazendo
E teremos uma mudança
O mundo será melhor
Pra quem hoje é criança.

E se você já desmatou,
Mas agora quer mudar
Mas não sabe o que fazer
Eu posso te ajudar
Você vai se arrepender
Se pra mais tarde deixar
Então o ambicioso
Enfureceu No momento
E disse para vizinho
Tu ta és enlouquecendo,
O que vou ganhar com isso
Se floresta eu não vendo

E então o consciente
Disse com muito carinho
Rapaz eu te aconselho
A seguir o meu caminho
Mas já que você não quer
Faço minha parte sozinho

E então como de costume
Veio à seca assolando
E a coisa no nordeste
Cada dia ia piorando
E aquele consciente
Ninguém via reclamando

Em sua casa tinha de tudo
Mas não trazia da cidade
Assim a gente contando
Nem parece que é verdade
Mas se a gente preservar
Tudo vira realidade
Então o povo sofrido
Que vivia na região
Olhando aquele exemplo
Daquele grande campeão
Dizia agora eu mudo
Essa é a solução

Mas logo a seca passava
E vinha grande bonança
O povo se acomodava
E saia da lembrança
E pra depois de outra seca
Logo ficava a mudança

Os anos iam passando
E o povo a desmatar
E a beira do riacho
Começou assorear
Pois arvores já não tinha
Para a terra sustentar

A terra enfraqueceu
Porque foi muito queimada
A cobertura que tinha
Foi embora na enxurrada
E o povo ia plantando
E a terra não dava nada
O povo arrependido
E querendo uma mudança
Olhando a situação
Quase perdendo a esperança
Lembrando do velho tempo
Que tudo era bonança

Mas pelo leite derramado
Não tem mas como chorar,
Agora tem de se unir
Pra poder tentar mudar
E aquilo que se perdeu
Pouco a pouco recuperar

Essa historia foi tão triste
Por falta de compreensão
Então vamos abrir os olhos
Aqui em nossa região
Estamos neste caminho
Mas nos temos solução

E agora enquanto é cedo
Vamos o meio preservar
E o que foi destruído
Aos poucos recuperar
E aqui temos o projeto águas
Pronto pra nos ajudar



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