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D. Odete exibindo as ervas do seu xarope medicinal |
Em todas as culturas há um tipo de conhecimento
valioso que muitas vezes passa despercebido, os Quilombolas das
comunidades de Barra e Bananal junto com a equipe do Núcleo Chapada do
Instituto de Permacultura da Bahia, tem trocado e construído juntos um registro
desses costumes, sobretudo no que diz respeito à biodiversidade encontrada no
território de Rio de Contas, sul da Chapada Diamantina, Bahia.
Almiro José Augusto, mais conhecido como Fía,
nasceu, cresceu, casou-se e vive atualmente na comunidade de Bananal, lembra
ainda dos tempos em que “a roça era feita na enxada, semeávamos com as mãos”,
produzir o roçado era tarefa árdua e cansativa, mas é visível nos sorrisos nos rostos, que a terra tem sido abundante para essas populações, que plantam de
tudo e tem uma dieta bastante variada.
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Foto: Maura Pezzato |
Ao visitarmos uma das antigas comunidades chamada
de Riacho das Pedras, impactada pela construção da barragem no Rio Brumado, onde
viviam os quilombolas mais antigos, atualmente relocados no bairro do Pirulito
em Rio de Contas. No Riacho das Pedras aproveita-se o leito do rio e suas
terras férteis para a produção da agricultura familiar, agora incrementada com
a chegada de frutas exóticas como a manga e a maracujina, que tem boa saída nas
feiras das redondezas.
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Chegada ao Riacho das Pedras |
“Usamos a semente mais velha, da colheita passada,
pois planta melhor, não plantamos a semente das plantas que acabamos de colher,
essas guardamos para o próximo plantio”, revela Sebastiana de Lourdes, a
Lurdinha, com a sabedoria de quem reconhece o valor da terra e dessas águas,
que garantem a produção do alimento que nos sustenta.
O elo entre a equipe do IPB e as comunidades
quilombolas, são os seis jovens educandos do projeto, que têm registrado em
texto, fotos, vídeo e áudio a sabedoria local, além de reconhecerem novos
aspectos de sua própria cultura, esses jovens podem vir a reverter o destino de
muitos de sua geração, que se viram por muito tempo forçados a deixar seus
lugares de origem em busca de trabalho nas grandes cidades.
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D. Lurdinha e Lucas Santana, diálogo das gerações |
Este projeto é realizado pelo Núcleo Chapada do IPB, com o apoio do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
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